Afinal os municípios tem ou não tem autonomia? E os estados? Por que o poder deve estar centralizado na capital onde tudo se resolve? Há quem diga que a estrutura do poder do Brasil é construída para permitir que a elite governe exclusivamente para si e para isso é necessário que os postos chaves estejam nas mãos de poucos. A maior parte da população não entende de política e nem tem acesso à educação e aos meios de comunicação empenhados em construir a cidadania. Mais participação popular, mais conflitos uma vez que o povo começa a entender que está alijado das decisões mais importantes do país, e a ele cabe apenas trabalhar e pagar os impostos impostos pelo poder central. Nem mesmo um tribunal superior tem competência e força para impor uma federalização do poder, como ocorre na república americana. Aqui opta-se pelo imobilismo como forma de consolidar os privilégios e afastar do poder as reivindicações populares. É o unitarismo puro e simples.
Se não há mudança de forma pacífica, ela pode vir através da violência. Partidos, grupos políticos e meios de comunicação de juntam para fazer uma oposição sistemática ao chefe do executivo. Este por sua vez também tem as suas bases de apoio. Elas estão assentadas nos grupos que desfrutam de privilégios e que não querem abrir mão. Mesmo com as mudanças que ocorrem não só no Brasil, mas no mundo. Se for preciso, para manter o status quo, também podem se juntar em grupos armados, combater a oposição em qualquer campo e mesmo lutar ao lado do mandatário. Se for necessário. De certa forma o acirramento das opiniões aprofundam o clima de confronto e ninguém sabe como isso pode terminar. Sempre se acreditou que as mudanças no Brasil são frutos de arranjos, conchavos, troca de favores, entendimentos e alianças espúrias. No entanto, alguma coisa mudou e setores diferentes da mesma elite se posicionam de lados antagônicos e começam a incentivar o povo a vir para as ruas e protestar. Principalmente na capital do país que vive a noite das garrafadas.
O povo está na rua. O chefe do executivo espera permanecer no poder por muito tempo. É verdade que suas preocupações não se limitam ao Brasil, mas também para o que se passa na Europa. Grupos antagônicos se auto denominam “brasileiros” e “ lusitanos.” Nativistas estranham os que se aproximam do chefe. Os jornais não dão folga. Críticas, procedentes ou não, todos os dias. Há denúncias que o chefe do governo persegue os jornalistas e verdadeiros ajuntamentos de ódios são organizados contra eles. Os jornais não param de rotulá-lo de absolutista, ditador, caudilho… As pancadarias de ruas são comuns nas ruas do Rio de Janeiro. O imperador não representa mais os interesses da elite brasileira. As províncias mandam notícias que querem mudar o governo. A crise sobrevém e D. Pedro I opta por abdicar o trono e voltar a Portugal. Não consegue conciliar os lados contendores e sua saída impede que uma guerra civil comece no Brasil. Inicia-se o período regencial que deve governar até que o sucessor tenha idade para ser aclamado como novo imperador, D. Pedro II. O império, unitário, concentrador de poder, sobrevive até o advento da república que promete adotar o federalismo e a divisão do poder entre estados e municípios.